A renda no barro
A louça de
Cascavel
Famosa pela produção de cerâmica, Cascavel, no Litoral Leste do Ceará, realiza aos sábados sua feira semanal. Nela, podem ser encontradas as mais variadas peças, como potes, quartinhas e panelas produzidas com barro avermelhado, característico da região. Essa é apenas uma amostra das criações da família Muniz. No Sítio Boa Fé, distrito da Moita Redonda, vale a pena conferir a matriarca Raimunda Silva de Sousa Muniz, sentada no chão da varanda, fazendo o acabamento em meio a peças prontas empilhadas num canto. Habilidosa, Raimunda amassa o barro e molda as peças. No trabalho dos Muniz, o diferencial é a aplicação com desenhos de renda.
Processo
Acompanhar o processo de produção de uma peça feita toda à mão é algo indescritível. A artesã explica etapa por etapa. Primeiro quebra o barro, coloca no tanque com água, depois amassa com os pés, molda, seca um pouco no sol, tira os excessos, alisa com esponja molhada ou sabugo, seca alisa novamente - dessa vez com uma semente - e, então, é queimada no forno. Após quatro ou 5 horas, a peça está pronta. Com exceção da queima, realizada apenas uma vez por semana, o ritual acontece diariamente, de segunda a sexta-feira. A vantagem diz ela, é ter a ajuda de quatro das cinco filhas mulheres, além dos genros e de alguns sobrinhos. Há cerca de três anos, o marido, Francisco Muniz, teve a ideia de incrustar o desenho da renda na cerâmica. Ainda hoje é considerada a fórmula do sucesso, guardada a sete chaves. Disponíveis, as peças são também vendidas para países como Itália e Portugal.
Estilo e criatividade na Moita Redonda
Todas começaram a fazer as primeiras peças ainda crianças. Lúcia de Fátima, Antonia Lúcia, a Luciana, Liduína e Lucinete, vivem basicamente da produção de cerâmica. Cada uma tem o seu estilo, identificando-se com a mãe ou pai. E, todas juntas, constroem a história da família Muniz, referência em Cascavel na arte de fazer cerâmica.
Rústico
Segundo a artesã, que trabalha com barro desde os sete anos, é o marido quem pensa mais nas inovações. Reconhece que a partir da renda tudo começou a melhorar diz satisfeita. A rusticidade do trabalho é primorosa. Todas as peças são moldadas à mão. Em nenhum momento são utilizados tornos. É pela habilidade que surgem as quartinhas, panelas e jarros, modelos preferidos.
“Se beber água direto da fonte é mais gostoso, o mesmo acontece com o artesanato”.
Raimundinha
DN / Eva / Germana Cabral e Cristina Pioner / Fotos:Marília Camelo e Patríci Araujo arteemter@gmail.com
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