Artesanal sem preconceito. O artesanato e o alto design nunca estiveram tão juntos. As peças de tricô, de madeira esculpida, de cerâmica, customizadas, trançadas ou étnicas ocupam lugares de destaque na decoração. De caráter único, elas amenizam as linhas retas do mobiliário em qualquer ambiente.
Inspirado na cultura africana no Brasil, o designer Rodrigo Almeida escolheu as cores das cordas, feitas de garrafas pet recicladas, entrelaçadas na cadeira África. A base é do mesmo material.
Livres de preconceitos e com ousadia, os designers e arquitetos estão cada vez mais absorvendo os trabalhos feitos à mão em seus projetos. Assim, o artesanato convive com peças de alto design nas decorações atuais – isso quando não é parte integrante da peça. As cores e as texturas dos objetos artesanais étnicos, de cerâmica, madeira, tricô e customizados quebram a rigidez das linhas secas dos móveis e acrescentam calor e aconchego. Para destacá-los na decoração, os arquitetos criam estantes laqueadas de branco. “A principal exigência é a acomodação das peças de design e artesanato muitos colecionam e trazem de viagens”. Veja como tirar partido de trabalhos manuais e saiba por que o mundo do design se rendeu a eles.
Cerâmica
Sutilezas como asas, furinhos e pássaros aplicados em vasos, xícaras e outras peças de cerâmica feitas à mão sempre dão toque de humor e leveza aos ambientes. Esse tipo de intervenção há muito tempo é vista no artesanato nordestino e nos últimos anos tem aparecido também no design de delicadas porcelanas.
A arte primitiva emociona na peça de cerâmica feita por dona Irinéia,
chamada Bicho na Cabeça, na Galeria Arte Brasileira.
O vaso de porcelana Aleatório, é do Estúdio Manus.
Ao fundo, vaso da ceramista Paula Almeida
Madeira
Árvores derrubadas por tempestades e encontradas jogadas na praia ou no meio da floresta dão origem a peças de madeira – sejam da arte popular mais primitiva ou do design sofisticado. “Sempre tiveram os apaixonados pelo artesanato que nunca deixaram de colocá-lo na decoração de suas casas, principalmente os europeus”, diz Cláudia Gomes, dona da Galeria Arte Brasileira. “Agora, os arquitetos vêm se interessando e vendo que há peças maravilhosas feitas à mão. São delicadas esculturas que atraem até por serem meio ingênuas
De madeira descartada, os ovos de bogolô com frases do folclore, são criações do artesão Fernando Rodrigues dos Santos (já morto), da Ilha do Ferro, em Alagoas. A sereia de madeira entalhada é do artesão Sérgio de Pernambuco.
“O maior defeito do mundo é ser feio, pobre e sem dinheiro e sem mulher. Joga-se na cachaça e o tira gosto é coro (sic) de jacaré. ”O texto do folclore nordestino ilustra o banco de madeira descartada pela natureza, também feito por Fernando Rodrigues dos Santos. Sai por R$ 3 mil, na Galeria Arte Brasileira
Étnico e trançado
A preocupação com a sustentabilidade levou à busca de materiais alternativos e à valorização de técnicas do trabalho artesanal, principalmente as tramas africanas e indígenas, “Os italianos começaram a fazer produtos vinculando o alto design com a arte popular, há dez anos, e somente agora o mercado está absorvendo. Mas só o artesanato de qualidade enobrece a peça de design”.
Marilena Degelo, Nuria Uliana, Juliana Fanchini e Kátia Elena Rosa / Fotos Marcelo Magnani arteemter@gmail.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário