sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Artesanato indígena de etnias do Ceará.

Pitaguary

Para as mulheres

indígenas, o artesanato

representa a preservação de

suas origens.

indios pitaguary 1O artesanato produzido no Ceará, a exemplo do barro e trançado, tem origem na cultura dos primeiros habitantes do nosso Estado. Nas sete etnias, no litoral, serra e sertão, encontra-se algo dominante: mulheres produzindo colares, brincos, pulseiras, anéis e vestimentas, representando um retorno às suas raízes. Na matéria-prima, sementes e fibras naturais prevalecem. Outras encontraram no artesanato fonte de prazer, renda e, principalmente, o resgate das identidades culturais. Enfim, são cheias de saberes. Não á toa, merecem ser chamamos de “Guerreiras”.

Mestiça perfeita

indios pitaguary

 

 

Simone nascida na aldeia Monguba, município de Pacatuba, “Eu sou uma verdadeira mestiça: tenho olhos de branco, rosto de índio e boca de negro”. Simone Menezes da Silva, da aldeia Santo Antônio do Pitaguary, em Maracanaú, Região Metropolitana de Fortaleza. “Quando vendo um colar, estou vendendo a minha cultura”

indios pitaguary 2

As Pitaguary mostram parte de seu trabalho artesanal, a maioria colares feitos com sementes ainda verdes para facilitar o manuseio. Suas criações são feitas de sementes e fibras naturais. Para a Pitaguary, entrar no mato, colher as sementes e, depois, transformar em artesanato não é trabalho, mas um momento de descanso, prazer e terapia.

 

 

 

 

 

Povo Pitaguary

Logo na entrada da aldeia dos Pitaguary, em Maracanaú, um pórtico dá as boas-vindas. O acesso só é permitido com identificação. Outro atrativo do local é a Capela de Santo Antônio do Pitaguary, a mais antiga de Maracanaú. Onde são realizadas as trezenas em homenagem ao santo e onde acontecem os rituais indígenas no entorno da mangueira sagrada, com direito à dança do Toré, tradição preservada na aldeia.

indios pitaguary 4Trançados

Ensinar a arte dos antepassados para crianças e adolescentes na Escola Municipal Indígena de Educação Básica do Povo Pitaguary é um dos maiores prazeres na vida da artesã Maria Ivanda Targino Vicente, Lá, repassa seus conhecimentos em trançados, macramê, telhas decorativas e bijuterias.

indios pitaguary 5Trançado Artesanato Pitaguary

A produção artesanal de colares, brincos, pulseiras e anéis na aldeia de Santo Antônio do Pitaguary, em Maracanaú, começou há uma década, por influência do cacique Daniel. Elas vendem as peças por valor irrisório. Há atravessador que compra um colar por apenas R$0,50. “É o jeito, tem muita gente fazendo. “Gostaria que fossem valorizados”, diz Fátima Souza

indios pitaguary

indios pitaguary                          Brinco criado por Cilene com penas de aves e filtro dos sonhos, feito de palha de buriti

indios 10.

Mazé elabora os colares bem devagar para ficarem perfeitos. Até hoje, preserva as tradições indígenas. Para dançar o Toré, ela se arruma com cocar, vestes de tucum e colares de sementes.

Nascida e criada na aldeia de Santo Antônio do Pitaguary, em Maracanaú, Maria José Vicente começou a produzir colares com sementes. As peças de Mazé são geralmente confeccionadas de tiririca, sem design sofisticado. O importante é o resgate das raízes indígenas por meio da técnica artesanal. “Minha raça todinha é Pitaguary.

Eva DN/ Germana Cabral/Cristina Pioner/Fotos:Patrícia Araujo/Marília Camelo                                                             arteemter@gmail.com

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Santeiras

Santeiras por

tradição

“Queria ser mais valorizada”

                 Santeira Francisca Lopes”

A tradição, deixada pelos pais da artesã, foi repassada para a filha Silvana. Juntas, elas dão continuidade a um artesanato delicado e de muito valor em Juazeiro do Norte, cidade onde a religiosidade predomina, com a figura mítica do Padre Cícero. Francisca aprendeu com seus pais, os santeiros Manoel e Maria Lopes. Ela começou a esculpir aos 14 anos. Desde então, faz santos e outras esculturas em madeira. Por meio dessa arte popular, conseguiu manter a família. “Trabalhava dia e noite com o candeeiro”. Ao longo desses anos, obteve muitas graças, “Deposito a maior fé no meu Padim

“Sou muita crítica em relação ao meu trabalho. “Quando concluo uma peça, acho que a próxima pode ser melhor”

Novas Santeiras   Me sinto muito bem esculpindo. “Apenas paro no sábado e domingo”. Lá, tudo é simples, porém bem organizado. É na porta da cozinha, quase no quintal, que a artesã passa horas. Uma mesa de madeira com gaveta serve de apoio e guarda as rústicas ferramentas. A rotina e esculpir, principalmente os Divinos, sua especialidade

Novas Santeiras

Esculpida em madeira, a Santa Ceia se destaca no trabalho de Silvana Santos. O resultado é perfeito, se for levada em conta a riqueza dos detalhes que a artista consegue reunir a partir de uma obra milenar. Quando começou, aos nove anos, a primeira peça de Silvana foi uma miniatura do Padre Cícero. “Era tão barato, era o preço de um pão. Recebia muitas encomendas. Hoje não vale a pena. Concorro com as imagens de gesso”. Afora isso, tenho muita devoção pelo “santo” de Juazeiro: “Adoro o homem que ele foi. Se não fosse ele, essa cidade não existia”.

Com o passar dos anos, a jovem começou a reproduzir, em miniatura, tudo o que a mãe, Francisca Lopes, criava. Casa de farinha, banda cabaçal, presépio, entre outras figuras da cultura regional. A iniciativa acabava lhe garantindo uma renda justa. A atividade é pesada, a começar pela compra dos troncos. O ato de serrar, esculpir, lixar e pintar também leva algum tempo. “Nada disso é considerado na hora da venda.

Novas Santeiras 3

Os rostos esculpidos por Francisca são rústicos, enquanto os de Silvana ganham traços mais delicados. Acima, trabalho de Silvana.

Novas Santeiras

Conhecida como“ Francisca dos Divinos”, a artesã cria as peças por etapas: “É mais produtivo. Primeiro, corto várias. Depois, esculpo e, por último, vem a pintura”

DN/Eva/Germana Cabral e Cristina Pioner/Fotos: Marília Camelo e Patrícia Araujo.                                                                      Contatos para informações arteemter@gmail.com