Bonecas de pano

Bonecas                           que brotam                                 embaixo do pé                                        de manga

Reunidas sob uma mangueira, artesãs do Crato dão novo significado às suas vidas. Elas criam e produzem bonecas e bonecos de pano. O grupo é formado por 40 mulheres, com idades que variam de 35 a 92 anos. A maioria guarda na memória uma infância simples cujo único brinquedo eram as “bruxinhas de feira”.    É na parte da tarde, de segunda a quinta-feira, que elas se encontram. A mangueira fica bem nos fundos da propriedade de Gertrudes Leite Oliveira, coordenadora do Grupo Bonequeiras do Pé de Manga. Para chegar até a árvore, é preciso passar por uma plantação de macaxeira, milho e cana verde. Enquanto trabalham, a conversa rola solta. Umas são mais animadas que outras, porém, o objetivo é o mesmo: produzir para ter um dinheiro extra e ocupação além das tarefas domésticas. Essa experiência bem sucedida faz a diferença na rotina dessas mulheres.      Na cidade, esse brinquedo infantil parece brotar das árvores, com o grupo “Bonequeiras do Pé de Manga”.

      O trabalho das bonequeiras do Crato viabiliza a economia solidária. As peças são vendidas para outras cidades cearenses e estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia. Os preços variam os artigos do Grupo já chegaram a vários países, a exemplo do México e Alemanha. Há também intercâmbio entre as bonecas do Crato e as fabricadas em Quito, no Equador.     Pelo menos é assim para Maria Núbia da Silva, 47 anos. Ela lembra que, aos seis, ganhou o seu primeiro brinquedo: uma boneca de pano. O presente foi dado por uma conhecida da família, como forma de agradecimento, o momento não saiu mais da sua cabeça. Hoje, quem diria, ela se julga a modista do Grupo, tamanho é o seu interesse em criar novos modelos e o prazer em cortar, costurar as roupinhas e, principalmente, fazer o rosto e os cabelos. Para todas enquanto não às vêem prontas dá uma ansiedade. Em compensação, quando termina, a satisfação é geral. Mesmo assim, tem hora que algumas pensam em desistir, pois o retorno financeiro ainda é simbólico. Parte do dinheiro é aplicado em material e o restante dividido entre as artesãs. Todas com a esperança de que surjam boas encomendas.

     As “Bonequeiras do Pé de Manga” aceitam doações de retalhos, aviamentos da indústria de moda íntima, entre outras matérias-primas para a confecção de bonecas e bonecos de pano.

Eva / DN / Germana Cabral / Cristina Pioner / Fotos: Marília Camelo / Patrícia Araújo / arteemter / www.diariodonordeste.com.br     arteemter@gmail.com