Caroline Harari é paulista, formada em História pela Universidade de São Paulo e especializada em arqueologia e restauração patrimonial. Começou a fazer cerâmica no ateliê de Laís Granato, onde se profissionalizou. Ao iniciar o convívio com a técnica, Caroline viu-se impressionada com a fugacidade não apenas da cerâmica, mas de tudo o que a sociedade atual produz. Por isso, de início, o que a movia era a busca da forma perene, da estrutura de peças que ficassem e passassem de uma geração para outra, que servissem de testemunho de um trabalho com uma certa permanência no tempo. Foi dessa forma que partiu para a utilização. de argilas mais refinadas, e na dedicaçao mais comprometida possivel, na busca de resultados de qualidade.
É ai que esta a diferença do seu trabalho, na espessura, no adelgar máximo de uma peça. Na argila ela produz e imprime o trabalho das rendeiras. A artista trabalha com potes, moringas e gamelas, aplicando uma técnica própria em que imprime a textura de rendas e bordados na argila, criando efeitos espetaculares.
Pote Una – Impressão sobre argila, relevo em labirinto. Cabaça relevo em renda irlandesa
Moringa - Impressão sobre argila, relevo em renda de bilro
Cântaros, bilhas, moringas, potes, pratos, cumbucas. Utensílios imemoriais, associados ao trabalho da sobrevivência cotidiana, o beber, o comer, o cozinhar. Ciosa de seu ofício, desde o início ela procurou inventariar e compreender seus materiais, suas técnicas, suas formas, apenas para descobrir, no Brasil, tradições que se repetem, dos diferentes povos africanos às civilizações pré-colombianas da América que estão em nossas raízes.
Este foi o começo. E logo descobriria também que, entre aqueles povos, tal como entre os artesãos populares que herdaram suas tradições, a precariedade das condições de vida aos poucos faria reduzir o conhecimento dos materiais e das técnicas, resultando em quebras de queima e perda de qualidade no acabamento das peças.
Fotos Anibal Gondim
Eis porque Caroline Harari se dedicou a pesquisar exaustivamente a produção cerâmica, da qualidade do barro aos processos de queima, para alcançar enfim a inacreditável leveza de suas peças feitas em fornos de alta temperatura, da mais moderna e sofisticada tecnologia.
Foi nessas peças que, aos poucos, ela passou a introduzir também outro elemento de raiz em nossa cultura, as rendas e os bordados. Daí resultaram essas criações originalíssimas, onde às vezes o próprio barro se converte em renda ou o bordado nele recria delicadas incisões e relevos de um barrado que ali fosse gravado de modo aleatório.
Acesse:Miscelânea. Artesanatos no original ao modo das feiras http://arteemterblog.blogspot.com/2010/01/artesanato-do-ceara.html
“Um dia peguei uma das rendas e imprimi na argila. Deu certo e encontrei meu caminho”.
Caroline Harari
A Casa / Zona D / Fotos Anibal Gondim
Nenhum comentário:
Postar um comentário