As bandeiras de São Sebastião

Ivã Volpi

Ivã Volpi, mineiro de Papagaios, interior de Minas Gerais, Designer Gráfico e Programador Visual, criou e desenvolveu projetos gráficos para moda, teatro e mídia impressa. Desenvolveu pesquisa e projetos de arte, utilizando materiais naturais, bambus e tapeçaria de retalhos e sucata industrial na execução de seu trabalho.

Bandeiras de São Sebastião. Retalhos de malha e estampas de papel

Em 1990, Ivã Volpi assistiu pela primeira vez a festa do padroeiro de São Sebastião das Águas Claras. A bandeira descorada à frente da procissão impactou o artista e o levou a fazer um presente. Talagarça, tecidos, fitas, tintas, gravura impressa e a técnica da trama sem nó foram usadas na composição da flâmula. A nova bandeira, carregada e hasteada pelos devotos em agosto de 1991, tornou-se parte da tradição. Todos os anos, Ivã cria e confecciona a insígnia vermelha de São Sebastião                                     

Bandeiras de São Sebastião. Retalhos de malha e estampas de papel

As bandeiras de São Sebastião 

O trabalho com as bandeiras de São Sebastião é uma evolução do trabalho com os tapetes. A bandeira é um tapete de dois lados. A bandeira da procissão era feita de linho, mas estava velha, descorada. Então, resolvi fazer outra. Peguei um tecido e uma talagarça e fiz à primeira. Pensei comigo: “Na festa de São Sebastião eu vou dar a bandeira para o pessoal.” Quando levei o presente, todo mundo achou uma maravilha                                                                   

Peguei uma gravura de Martinelli, aquele São Sebastião tradicional, colei e arrumei uma maneira de encaixá-la. Eu lembro que desmanchei o fundo original da gravura e coloquei a imagem do arraial.

Dei a bandeira e todo mundo gostou. Então, disse: “Olha, São Sebastião, o senhor me protege aqui no arraial. Dei-me saúde, felicidade, manda um cliente de vez em quando no meu atelier, que eu te dou uma bandeira todo ano.” Desde então, todo ano eu faço uma bandeira .                                                                                                Bandeiras de São Sebastião. Retalhos de malha e estampas de papel

A partir disso, criou-se, também, a tradição das pessoas virem amarrar uma fita na bandeira. Com isso, ela ficou carregada de significados.

A comunidade gosta desse trabalho e gosta de participar. Às vezes eu chamo crianças para ajudar. Tem bandeira que foi toda confeccionada com as crianças. As pessoas do arraial sabem que eu estou fazendo, vem e me ajudam.                                                 Ivã Volpi                                          

Iva Volpi, São Sebastião das Águas Claras (Macacos) Trecho do depoimento publicado no livro Ivã Volpi Circuito Atelier, Belo Horizonte, Editora C/Arte

   Bandeiras de São Sebastião. Retalhos de malha e                estampas de papel

              Painel. Padronagens aplicadas, acrílicas/ bambu

Bambu

  Rosáceas. Acrílica s/ bambu

Painel do Tocantins. Papel de seda s/ madeira

 Painel Natividade. Papel de seda s/ madeira

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