ARTEEMTER: A Arte popular mineira (Especial) Willi de Carvalho

A arte popular mineira aos modos de Willi

Fotos de Danilo Aun

Aos modos de Willi de Carvalho artista popular, a arte vive através de miniaturas feitas de muitos materiais. Os elementos são esculturas, cenas inspiradas na vida popular, religiosidade e obras eróticas. A obra do artista e realizada com vários materiais, como sobras de madeira, papel, arame, caixas de fósforo e ferragens, são retalhos de tecidos, fibra, fragmentos de espelhos, restos de alguma coisa comum, palitos, tudo é arte, pura arte. Retratam pequenas cenas e oratórios, temas sacros e profanos em peças coloridas e festivas. Willi atuava como ator, figurinista e cenógrafo de teatro, começou a carreira pintando quadros, produzindo cenários e fazendo figurinos para grupos de teatro de Montes Claros. Em cada produção que se envolvia, criava miniaturas, mostrando os cenários que deveriam fazer parte do espetáculo. Daí despertou no público mais atento á verdadeira arte de Willi. Aceitou o desafio de levar as miniaturas para o interior de caixas de fósforo, o trabalho ganhou nova dimensão, ficou ainda menor no tamanho e passou a despertar ainda mais a raridade.

Fotos de anilo Aun

Fotos de Danilo Aun

A forte religiosidade mineira está presente em vários lugares e no modo de viver dos habitantes de Montes Claros. Em “Grandes Miniaturas” o artista dá forma ao retrato puro da nossa cultura. Willi tem como forte inspiração, os altares das igrejas, as festas e folias de reis e Rosário. Em suas peças a arte meticulosa das miniaturas. O artista brinca com as fitas em cores diversas, contando um passado quando ainda pequeno, num bairro bucólico da região, onde envolto em manifestações culturais, teve também influencias dos meretrícios citados por grandes escritores

Fotos de Danilo Aun

Trabalhos de um dos mais criativos
mestres da arte popular de Minas Gerais,
considerado um dos mais minuciosos
e sofisticados miniaturistas do país.

Fotos de Danilo Aun

“Meu processo de criação começou

no quintal da minha casa

inventando o que brincar”

Willi de Carvalho

Fotos de Danilo Aum

Fotos de Danilo Aun

Fotos de Danilo Aum

Nascido em Montes Claros, norte de Minas Gerais, Observador nato, nada passa pelos seus olhos sem que perceba algum detalhe diferente. “Meu processo de criação começou no quintal da minha casa inventado o que brincar”. Os palitos e grampos da minha mãe se transformavam em outros objetos, no lugar dos brinquedos, que não tínhamos. Isso me estimulava para a criação, de onde saíam teatrinhos de barro e miniaturas feitas de todos os objetos que eu encontrava. Na escola, ganhava livros em troca dos mapas que desenhava para as professoras. Cartazes e capas de trabalhos de colegas de toda a sala exibiam minhas ilustrações quando meus cadernos já não tinham mais espaço para desenhos.

A feitura da arte se desenvolveu aos meus olhos quando passei a visitar o conservatório de música de Montes Claros, aprendendo muito, e abrindo meus olhos para a carreira e a experiência como artista. Tudo isso me influenciou e abriu os horizontes na minha criação. Somam-se a isso os meus constantes questionamentos, pesquisas e minha incansável procura pela novidade e pelo espaço no cenário artístico, tão importantes quando o momento de criação. Em 1996, o artista curitibano Hélio Leites viu uma maquete minha para um cenário teatral e, entusiasmado, me incentivou na criação de objetos em miniaturas, mais precisamente em caixas de fósforo e materiais reciclados.

O Artista

Foto Studioousa

A partir de então as miniaturas passaram a ser minhas especialidades e graças à elas, hoje sou reconhecido pelos colecionadores, marchands e donos de importantes galerias pelo Brasil. Um dos temas centrais da minha obra, as festas populares mineiras, religiosas e profanas, catopés, caboclinhos, marujadas, reinado e congada, fazem parte de quase tudo que eu faço. Símbolos como o estandarte, peça importante em tais festas e os espirais, representando a lembrança barroca das cidades históricas de Minas, também são presença forte em minhas peças. Dê rótulos referentes à minha obra, como “neo barroco”, “contemporâneo” e “erudito”, prefiro “popular”, mas isso não me interessa tanto. Arte é arte, livre de rótulos e classificações, o que me encanta é o entusiasmo e a emoção que as pessoas expressam frente ao meu trabalho.