A mostra revela o olhar do fotógrafo sobre a pluralidade do modo de morar do brasileiro e traz imagens, coloridas e em preto e branco, de quatro microrregiões do país, muitas vezes descortinando antigas tradições. Anna Mariani entrou nas casas da região do Cariri, no Ceará. Iêda Marques apresenta residências da Chapada Diamantina, na Bahia. João Urban retrata os sinais domésticos da imigração polonesa no Paraná e Andrés Otero traz à tona a arquitetura da região da Quarta Colônia, no Rio Grande do Sul, de origem italiana.
A exposição pretende ser a primeira etapa de um programa de inventário visual da casa brasileira, cujo objetivo é espelhar os habitat brasileiros em sua rica e pouco conhecida diversidade, celebrando a imensa pluralidade das formas de morar país afora. Escolher as imagens que poderiam estar nesta primeira mostra coube a uma equipe, liderada por dois integrantes do Conselho Diretor do Museu da Casa Brasileira: o arquiteto Carlos Lemos, um dos maiores especialistas na história da casa brasileira, e o historiador Ulpiano Bezerra de Meneses, um dos maiores conhecedores de cultura material em nosso país. Segundo Carlos Lemos, em texto para o catálogo da mostra, as moradias populares do Brasil são abrigo e proteção contra os rigores do clima sobretudo. Trata-se do “invólucro agasalhador onde todos se sentem seguros. A cobertura protetora do fogo doméstico”. Ele acrescenta: “No espaço do cotidiano da vida familiar, o fogão é o centro de interesse. Aliás, desde os tempos de muito antigamente, o fogo aceso para o cozimento dos alimentos é que indicava a habitação em pleno funcionamento e, daí, (lar), o nome da pedra do fogão romano, hoje significar justamente o local onde a família sobrevive em paz”.
Anna Mariani – Fotos em Nova Olinda, Ceará
Conhecida pelas fotografias de fachadas e detalhes da arquitetura de casas do sertão do Nordeste, nesta exposição, ao contrário, Anna Mariani entra nas casas e ali flagra seus moradores, como instantâneo de cena, sem o rigor dos ensaios anteriores, de lenta elaboração e maturação. Anna Mariana nasceu no Rio de Janeiro, realizou uma série de trabalhos fotográficos no Nordeste brasileiro, inicialmente em preto e branco – paisagem e caatinga, manifestações culturais, trabalhos femininos, arquitetura popular.
Andrés Otero - Fotos na Região da Quarta Colônia, RS
Este ensaio foi realizado na região central do Rio Grande do Sul, num raio de 40 km ao redor de Santa Maria, na região conhecida como Quarta Colônia. O nome vem do fato de ela ter acolhido a quarta leva de italianos a imigrar para o sul, no decorrer da década de 1870. Mais de cem anos após a imigração, em visitas feitas nas viagens de férias à sua terra natal, Andrés encontrou hábitos, utensílios e técnicas de construção muito próximos da tradição trazida do Vêneto e Friuli pelos imigrantes.
Andrés Otero nasceu em Santa Maria. Começou sua carreira profissional como fotógrafo é voltado para a arquitetura e alguns de seus aspectos específicos, em especial a fotografia de móveis e objetos e a de lighting design. Colabora regularmente com mais de duas dezenas de revistas especializadas nesses temas, do Brasil e do exterior.
Iêda Marques - Chapada Diamantina, BA
Suas imagens mostram a Chapada não como um cartão postal estanque, mas uma região viva, repleta de contrastes e necessidades. Elas retratam a grandiosidade e a beleza, mas não omitem as queimadas e o desmatamento. Aos poucos, Iêda se aproximou dos moradores da região, especialmente daqueles da zona rural, oferecendo seus préstimos de “retratista” e conquistando a confiança necessária para entrar nas casas do sertanejo.
Ieda Marques nasceu, em Boninal, na Chapada Diamantina. Depois de viver em Barreiras, São Paulo e Salvador, resolveu voltar para sua terra. Fotógrafa autônoma, atua em projetos ligados à educação comunitária e ao meio ambiente, focando luz nas riquezas culturais, artísticas e espirituais da população do semi-árido. "lar" era o nome dado pelos Romannos à pedra do fogão
João Urban – Sul do Paraná
As fotografias apresentadas nesta exposição fazem parte de um longo ensaio , quando o fotógrafo foi contratado para registrar as colônias polonesas no sul do Paraná. A ascendência do fotógrafo e seu conhecimento da língua foram determinantes para favorecer uma aproximação afetiva com o tema e os habitantes da colônia. Assim, pôde registrar com delicadeza e em riqueza de detalhes a intimidade dos “polacos”, num trabalho que ele chama de fotografia narrativa, “a fotografia que conta uma história”. No espaço do cotidiano da vida familiar,
o fogão é o centro de interesse.
O "pregar" é uma característica das casas simples
João Urban nasceu, em Curitiba. Eclético, faz fotos publicitárias, retratos, fotografia de produtos, fotografia industrial e fotografia documental. Dedicou-se igualmente a ensaios sobre temas de natureza social, entre os quais se destacam os bóias-frias, os tropeiros e os imigrantes poloneses.
Temos certeza que imagens como essas e muitas outras são fonte de inspiração para design arquitetos e decoradores, aplicarem em casas sofisticadas. Museu Casa Brasileira / arteemter@gmail.com
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