quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Artesanato Mineiro

As cores e textura próprias da nossa identidade. Os tons do solo árido da região do Jequitinhonha

Numa região banhada por rio como o Jequitinhonha, em que na baixa das águas o que mais se vê é o serpentear do leito parcialmente seco, é natural que a população ribeirinha encontre algo a fazer com aquele barro (terra seca muitas vezes), que é farto e com cores de várias nuanças do marrom ao preto vivo. Como em outras regiões do país, a atividade artesanal com o barro passa primeiro pela cerâmica utilitária, com vasos, panelas, gamelas, potes, para grãos e vasilhas com inúmeras aplicações. Aos poucos, um ou outro artesão desenvolve um estilo próprio, faz um castiçal, um objeto decorativo, aqui ali põe uma flor do mesmo material, mostrando à comunidade outras possibilidades, que são absorvidas, imitadas, oferecendo outro caminho criativo. Outras formas, também incorporadas em vários sítios brasileiros, dão a cerâmica um certo caráter místico, ao reunir figuras de homens e animais em vasos, estes com aparência assustadora, ou aqueles com imagens de santos, etc. E com as cores de roupas, textura de peles, cor dos olhos próprias da nossa identidade. Esses tons, entretanto, são obtidos em diferentes pontos do solo árido da região do Jequitinhonha, sendo aplicados sobre as peças já moldadas, usando faquinhas, sabugos de milho e, mais uma vez, as mãos, que viabilizam esse fantástico resultado. Tem o processo da queima da cerâmica feito em forno onde o calor deve circular o tempo todo, o que obriga o artesão a controlá-lo por mais 12 horas. Na família de Dona Isabel, hoje 3 gerações trabalham esculpindo, transportando para o barro as feições das muitas noivas e noivos, casais e namorados, a mãe que amamenta, a moça da janela, o barbudo da cara brava, a jovem de queixo erguido  "metida" como diz quem a vê. Todos muito bem vestidos, cabelos arrumados, curtos ou caindo sobre os ombros. Os tipos físicos e temperamentos que vemos em qualquer rua de Santana de Araçuaí, ou nos sobrados e casas de qualquer cidade do interior do Brasil.






































Cleber Papa /Fotos Milton Dines
Informações: arteemter@gmail.com

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