quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

O Extremo

Prá que eu quero isso?

A beleza do inacabado, do jogado fora, do aparentemente sem valor, do rejeitado. Acolha os materiais baratos, arquive as memórias. Seus móveis precisam servir para alguma coisa: tenha estantes, use gavetas, crie caixas. Ouse reciclar, acolha os materiais baratos, em caixas de feira, em nichos de madeira. Ele é um convite à criação. Valorize a simplicidade.  Apaixone-se pelo ciclo da vida e compartilhe com o outro a essência desse modo de viver.

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Ouse!

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sábado, 10 de dezembro de 2011

Tabajara, Potiguara e Kanindé

Tabajara

Em busca de diferentes

materiais

Quase na divisa do Piauí com o Ceará, no município de Poranga, na Aldeia Umburana, mora a Tabajara Maria de Lourdes de Jesus, a Maria Bezerra, A afinidade com o artesanato começou por causa de um sonho, teria de criar as roupas das filhas para participarem da coroação de Nossa Senhora. “Cacei umas embiras e fiz o pendão com as palhas de milho. Criei um traje de anjo e outro de índia”. Desde então, aproveita tudo o que a natureza oferece, desenvolvendo arranjos, bonecas e acessórios. “Quando ando no mato, tudo o que vejo de diferente, como folhas, frutas ou sementes, já imagino como vou fazer”, “a busca de matéria-prima no mato é grande” explica.

india Tabajara     Maria Bezerra, Tabajara de Poranga, extrai matéria prima da mata para produzir o artesanato, Como cocar de croá e penas, e bonecas de palha de milho e de capa do coqueiro

indios Tabajaras

indiosBusca a matéria-prima no mato, e cria bonecas de palha

Oca da Memória

Uma das atrações para quem deseja conhecer a história das etnias Tabajara e Kalabaça, em Poranga é a Oca da Memória, um museu instalado anexo à Escola Diferenciada Jardim das Oliveiras, com 604 alunos. No local, encontra-se um pouco da trajetória dos índios cearenses, contada por meio de objetos, fotos, mapas e documentos. Foi criada, pelos povos indígenas, com assessoria dos educadores do Projeto Historiando. A responsável pela Oca da Memória é Maria Alves da Silva, a Leuda, por seis anos, ela coordenou o Conselho dos Povos Indígenas de Poranga e Outros (Cipo), do qual faz parte até hoje. Da população do Município, estimada em 12 mil habitantes, segundo Leuda, cerca de 1.500 pessoas (299 famílias) são da etnia Tabajara e Kalabaça. Lá, o processo de organização étnica surgiu e teve avanço significativo com a formação do Conselho Indígena

Potiguara

Liberdade para viver

indios 10 - Cópia        Tendo como cenário o pé de fava preta, Maria Germano se ornamentou com vários colares e cocar.

Maria Germano da Silva. Potiguara, assim ela se apresenta quando recebe em sua casa, na aldeia Terra Livre, periferia de Crateús. No quintal, onde cultiva os pés de fava preta para criar bijuterias, gosta da natureza e da liberdade para viver em paz, sobrevive do artesanato. A Potiguara também faz colares, brincos, pulseiras, anéis cocares. Utiliza elementos da natureza como tucum, sementes e penas de aves. É uma diversão. As peças são vendidas, principalmente, em encontros indígenas.

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As Sementes são a principal matéria prima do trabalho da Potiguara, residente em Crateús “Além de ser uma fonte de renda, o artesanato representa as minhas origens, meus antepassados

Em Crateús, Ceará, no Sertão dos Inhamuns, encontram-se o Potiguara, Tabajara, Kariri, Kalabaça e Tupinambá. Segundo Helena Gomes, uma das principias lideranças Potiguara e diretora da Escola Diferencial Raízes Indígenas, essas etnias reúnem uma população com mais de 2.400 pessoas cadastradas, sendo mais de 50% Potiguara. O movimento indígena na cidade tem suas raízes em experiências da Igreja Católica voltadas para a libertação dos grupos mais pobres. Hoje, várias entidades lutam pelos seus direitos. As nove aldeias urbanas se localizam em áreas periféricas. Além delas, há, na zona rural, a Nazário (Tabajara) e a Mambira (Potiguara). Entre as conquistas dos indígenas de Crateús, está o prédio da escola diferenciada. Com Ensino Fundamental, o estabelecimento abriga 500 alunos.

Kanindé

Preservação da cultura

indios 10. (2)   De traços indígenas marcantes, aparentemente tímida, Tereza da Silva Santos, recepciona visitantes no Museu dos Kanindé explicando as conquistas e as peças que contam a história da aldeia na zona rural de Aratuba. Uma das maiores preocupações de Tereza é com a preservação da cultura indígena. Por isso, sente orgulho em fazer o artesanato com fibras e sementes, a exemplo de pau-brasil e mulungu-vermelha. O cocar, sua especialidade, é de tecido, coberto com trançado de fibra de bananeira e decorado com penas de aves são peças artesanais, como colares, brincos e caixas revestidas com a fibra da bananeira.

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História em museu

Na Aldeia, em Aratuba, moram148 famílias (cerca de 700 pessoas). A localização é privilegiada, com altura média de 900 metros acima do nível do mar. Segundo o cacique Sotero, há apenas 15 anos ganharam o reconhecimento de comunidade indígena. Vizinho à casa, ele montou o Museu dos Kanindé, reunindo cerca de 300 peças que retratam a história do seu povo. Muitas delas relacionadas à caça. O espaço ainda demonstra preocupação ecológica. “Aqui, ninguém prende mais pássaros em gaiola. É essa proteção da natureza que a gente passa também para os nossos visitantes”.

indios 19Colares criados pelos Kanindé  

A produção é destinada, principalmente, à Loja de Artes Indígenas Toré-Torém, na Ceart, em Fortaleza. Também são usadas pela comunidade nas apresentações culturais. Tereza destina uma parte das peças para esses rituais, como o Torém. “Antes de representar uma fonte de renda, o mais importante no meu trabalho artesanal é a preservação da nossa cultura.

indios 21Detalhe de caixas feitas com fibra de bananeira por artesãs da aldeia de Aratuba

Eva DN/ Germana Cabral/Cristina Pioner/Fotos:Patrícia Araujo/Marília Camelo                                                             arteemter@gmail.com

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Artesanato indígena de etnias do Ceará.

Pitaguary

Para as mulheres

indígenas, o artesanato

representa a preservação de

suas origens.

indios pitaguary 1O artesanato produzido no Ceará, a exemplo do barro e trançado, tem origem na cultura dos primeiros habitantes do nosso Estado. Nas sete etnias, no litoral, serra e sertão, encontra-se algo dominante: mulheres produzindo colares, brincos, pulseiras, anéis e vestimentas, representando um retorno às suas raízes. Na matéria-prima, sementes e fibras naturais prevalecem. Outras encontraram no artesanato fonte de prazer, renda e, principalmente, o resgate das identidades culturais. Enfim, são cheias de saberes. Não á toa, merecem ser chamamos de “Guerreiras”.

Mestiça perfeita

indios pitaguary

 

 

Simone nascida na aldeia Monguba, município de Pacatuba, “Eu sou uma verdadeira mestiça: tenho olhos de branco, rosto de índio e boca de negro”. Simone Menezes da Silva, da aldeia Santo Antônio do Pitaguary, em Maracanaú, Região Metropolitana de Fortaleza. “Quando vendo um colar, estou vendendo a minha cultura”

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As Pitaguary mostram parte de seu trabalho artesanal, a maioria colares feitos com sementes ainda verdes para facilitar o manuseio. Suas criações são feitas de sementes e fibras naturais. Para a Pitaguary, entrar no mato, colher as sementes e, depois, transformar em artesanato não é trabalho, mas um momento de descanso, prazer e terapia.

 

 

 

 

 

Povo Pitaguary

Logo na entrada da aldeia dos Pitaguary, em Maracanaú, um pórtico dá as boas-vindas. O acesso só é permitido com identificação. Outro atrativo do local é a Capela de Santo Antônio do Pitaguary, a mais antiga de Maracanaú. Onde são realizadas as trezenas em homenagem ao santo e onde acontecem os rituais indígenas no entorno da mangueira sagrada, com direito à dança do Toré, tradição preservada na aldeia.

indios pitaguary 4Trançados

Ensinar a arte dos antepassados para crianças e adolescentes na Escola Municipal Indígena de Educação Básica do Povo Pitaguary é um dos maiores prazeres na vida da artesã Maria Ivanda Targino Vicente, Lá, repassa seus conhecimentos em trançados, macramê, telhas decorativas e bijuterias.

indios pitaguary 5Trançado Artesanato Pitaguary

A produção artesanal de colares, brincos, pulseiras e anéis na aldeia de Santo Antônio do Pitaguary, em Maracanaú, começou há uma década, por influência do cacique Daniel. Elas vendem as peças por valor irrisório. Há atravessador que compra um colar por apenas R$0,50. “É o jeito, tem muita gente fazendo. “Gostaria que fossem valorizados”, diz Fátima Souza

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indios pitaguary                          Brinco criado por Cilene com penas de aves e filtro dos sonhos, feito de palha de buriti

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Mazé elabora os colares bem devagar para ficarem perfeitos. Até hoje, preserva as tradições indígenas. Para dançar o Toré, ela se arruma com cocar, vestes de tucum e colares de sementes.

Nascida e criada na aldeia de Santo Antônio do Pitaguary, em Maracanaú, Maria José Vicente começou a produzir colares com sementes. As peças de Mazé são geralmente confeccionadas de tiririca, sem design sofisticado. O importante é o resgate das raízes indígenas por meio da técnica artesanal. “Minha raça todinha é Pitaguary.

Eva DN/ Germana Cabral/Cristina Pioner/Fotos:Patrícia Araujo/Marília Camelo                                                             arteemter@gmail.com

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Santeiras

Santeiras por

tradição

“Queria ser mais valorizada”

                 Santeira Francisca Lopes”

A tradição, deixada pelos pais da artesã, foi repassada para a filha Silvana. Juntas, elas dão continuidade a um artesanato delicado e de muito valor em Juazeiro do Norte, cidade onde a religiosidade predomina, com a figura mítica do Padre Cícero. Francisca aprendeu com seus pais, os santeiros Manoel e Maria Lopes. Ela começou a esculpir aos 14 anos. Desde então, faz santos e outras esculturas em madeira. Por meio dessa arte popular, conseguiu manter a família. “Trabalhava dia e noite com o candeeiro”. Ao longo desses anos, obteve muitas graças, “Deposito a maior fé no meu Padim

“Sou muita crítica em relação ao meu trabalho. “Quando concluo uma peça, acho que a próxima pode ser melhor”

Novas Santeiras   Me sinto muito bem esculpindo. “Apenas paro no sábado e domingo”. Lá, tudo é simples, porém bem organizado. É na porta da cozinha, quase no quintal, que a artesã passa horas. Uma mesa de madeira com gaveta serve de apoio e guarda as rústicas ferramentas. A rotina e esculpir, principalmente os Divinos, sua especialidade

Novas Santeiras

Esculpida em madeira, a Santa Ceia se destaca no trabalho de Silvana Santos. O resultado é perfeito, se for levada em conta a riqueza dos detalhes que a artista consegue reunir a partir de uma obra milenar. Quando começou, aos nove anos, a primeira peça de Silvana foi uma miniatura do Padre Cícero. “Era tão barato, era o preço de um pão. Recebia muitas encomendas. Hoje não vale a pena. Concorro com as imagens de gesso”. Afora isso, tenho muita devoção pelo “santo” de Juazeiro: “Adoro o homem que ele foi. Se não fosse ele, essa cidade não existia”.

Com o passar dos anos, a jovem começou a reproduzir, em miniatura, tudo o que a mãe, Francisca Lopes, criava. Casa de farinha, banda cabaçal, presépio, entre outras figuras da cultura regional. A iniciativa acabava lhe garantindo uma renda justa. A atividade é pesada, a começar pela compra dos troncos. O ato de serrar, esculpir, lixar e pintar também leva algum tempo. “Nada disso é considerado na hora da venda.

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Os rostos esculpidos por Francisca são rústicos, enquanto os de Silvana ganham traços mais delicados. Acima, trabalho de Silvana.

Novas Santeiras

Conhecida como“ Francisca dos Divinos”, a artesã cria as peças por etapas: “É mais produtivo. Primeiro, corto várias. Depois, esculpo e, por último, vem a pintura”

DN/Eva/Germana Cabral e Cristina Pioner/Fotos: Marília Camelo e Patrícia Araujo.                                                                      Contatos para informações arteemter@gmail.com

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Estandartes e Bandeiras

Estandartes, Bandeiras e Fitas

Rozeli Costa   Natural de Cavalcante GO, nascida numa fazenda que tem o nome da família paterna São João dos Costa, neta de calunga, filha de escravos refugiados nos quilombos do nordeste Goiano (Teresina de Goiás). Morando em Planaltina DF, local da maior Via Sacra ao Vivo do Brasil onde mil e quinhentos integrantes encenam a Vida e a Paixão de Cristo, local da maior festa em Louvor ao Divino Espírito Santo com Folia de Roça e Folia de Rua, Festas religiosas como Santa Rita, São José, Nossa Senhora de Fátima, São Sebastião e outros. Esse é o cenário da inspiração e criatividade da artista Rozeli Costa.

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Estandartes

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A artista está sempre participando das festas da cidade, com estandartes, bandeiras, suas fitas e muitas cores.

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sábado, 8 de outubro de 2011

Cheiro do mar

Reciclados com

cheiro do mar 

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barco 18barco 17 comóda

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barco 19 cómoda

Móveis construídos com peças de antigos barcos de pesca Africano,  na costa do Senegal. Eles são móveis únicos que ainda preservam a alma dos pescadores. A madeira é o samba, uma árvore do Oeste Africano, e não recebeu nenhum tratamento adicional, até mesmo o cheiro do mar. As formas geométricas coloridas que formam símbolos especiais na decoração, estão enraizadas nas tradições antigas.

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Os pescadores da costa oeste da África decoram seus barcos com cores alegres e desenhos geométricos. Os barcos são vistos de uma forma intensa e colorida. Atraídos pela beleza perguntamos se após a sua longa vida nos oceanos, indo e vindo pelos mares, a madeira poderia estar em condição boa o suficiente para começar uma nova vida. E reencarnar em móveis. Para os africanos o conceito de reciclagem é um estilo de vida não uma moda. A questão era se a madeira depois de tiver ido ao mar iria irradiar a mesma energia e preservar a história dos pescadores.

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Peças criadas pelo designer Llonch Ramonbarco artlantique 1

barco 17 molduras  Molduras

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barco 13 taburetes-reciclados   Tamburetesbarco 16 cadeira de balanço 

A coleção inclui mesas, cadeiras, banquetas, bancos, baús, quadros, cabeceiras de cama e armários. Eles são realmente especiais e têm  no mobiliário o espírito alegre da África. Um projeto que utiliza força de trabalho nativa, enquanto inovando o conceito de mobiliário de reciclagem.

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"Não eram mais para navegar, mas agora têm uma nova vida. Eles estão cheios de remendos, mas a ferocidade do Atlântico não pode roubar sua magia...”                                                                                       Llonch Ramon designer

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barco 4 Artlantique, Fotos: Artlantique/ arteemter@gmail.com