Pitaguary
Para as mulheres
indígenas, o artesanato
representa a preservação de
suas origens.
O artesanato produzido no Ceará, a exemplo do barro e trançado, tem origem na cultura dos primeiros habitantes do nosso Estado. Nas sete etnias, no litoral, serra e sertão, encontra-se algo dominante: mulheres produzindo colares, brincos, pulseiras, anéis e vestimentas, representando um retorno às suas raízes. Na matéria-prima, sementes e fibras naturais prevalecem. Outras encontraram no artesanato fonte de prazer, renda e, principalmente, o resgate das identidades culturais. Enfim, são cheias de saberes. Não á toa, merecem ser chamamos de “Guerreiras”.
Mestiça perfeita
Simone nascida na aldeia Monguba, município de Pacatuba, “Eu sou uma verdadeira mestiça: tenho olhos de branco, rosto de índio e boca de negro”. Simone Menezes da Silva, da aldeia Santo Antônio do Pitaguary, em Maracanaú, Região Metropolitana de Fortaleza. “Quando vendo um colar, estou vendendo a minha cultura”
As Pitaguary mostram parte de seu trabalho artesanal, a maioria colares feitos com sementes ainda verdes para facilitar o manuseio. Suas criações são feitas de sementes e fibras naturais. Para a Pitaguary, entrar no mato, colher as sementes e, depois, transformar em artesanato não é trabalho, mas um momento de descanso, prazer e terapia.
Povo Pitaguary
Logo na entrada da aldeia dos Pitaguary, em Maracanaú, um pórtico dá as boas-vindas. O acesso só é permitido com identificação. Outro atrativo do local é a Capela de Santo Antônio do Pitaguary, a mais antiga de Maracanaú. Onde são realizadas as trezenas em homenagem ao santo e onde acontecem os rituais indígenas no entorno da mangueira sagrada, com direito à dança do Toré, tradição preservada na aldeia.
Ensinar a arte dos antepassados para crianças e adolescentes na Escola Municipal Indígena de Educação Básica do Povo Pitaguary é um dos maiores prazeres na vida da artesã Maria Ivanda Targino Vicente, Lá, repassa seus conhecimentos em trançados, macramê, telhas decorativas e bijuterias.
A produção artesanal de colares, brincos, pulseiras e anéis na aldeia de Santo Antônio do Pitaguary, em Maracanaú, começou há uma década, por influência do cacique Daniel. Elas vendem as peças por valor irrisório. Há atravessador que compra um colar por apenas R$0,50. “É o jeito, tem muita gente fazendo. “Gostaria que fossem valorizados”, diz Fátima Souza
Brinco criado por Cilene com penas de aves e filtro dos sonhos, feito de palha de buriti
Mazé elabora os colares bem devagar para ficarem perfeitos. Até hoje, preserva as tradições indígenas. Para dançar o Toré, ela se arruma com cocar, vestes de tucum e colares de sementes.
Nascida e criada na aldeia de Santo Antônio do Pitaguary, em Maracanaú, Maria José Vicente começou a produzir colares com sementes. As peças de Mazé são geralmente confeccionadas de tiririca, sem design sofisticado. O importante é o resgate das raízes indígenas por meio da técnica artesanal. “Minha raça todinha é Pitaguary.
Eva DN/ Germana Cabral/Cristina Pioner/Fotos:Patrícia Araujo/Marília Camelo arteemter@gmail.com
muito lindo esses colares.
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