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sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Artesanato Pernambucano

Herdeiros de mestre Vitalino

Dizer que não há brasileiros que não tenham visto o trabalho de Vitalino é um exagero porque somos muitos e certamente há quem não teve a oportunidade de se apaixonar por uma arte tão marcante e característica mas isso não tira a força da expressão. Também é sem exagero que se pode afirmar que há no mundo pouquissímas formas de arte popular que definem tão claramente seu artista, país, região e cidade como a obra de Mestre Vitalino e seus sucessores. Nela se reconhece o Brasil. Pernambuco e a cidade pitoresca de Caruaru. E com a obra em cerâmica, inevitavelmente vem a música dos pífanos – aquela flautinha rústica de sonoridade indescritível. Vitalino fez as duas coisas.
Desde os 6 anos de idade, brincando com as sobras de barro das cerâmicas utilitárias feitas por sua família de louceiros, fazendo vaquinhas, panelinhas e outros animais, até criar sua banda de pífanos, o mestre mostrou-se um criador integrado às coisas de sua cultura regional, tornando-se conhecido e reconhecido em todo o mundo. Vitalino teve 6 filhos, os quais se dedicaram a reproduzir a arte do pai, sendo que Severino, o filho mais velho, é naturalmente o mais atuante. Vitalino manteve uma produção de milhares de peças, e a doação que fez, ainda vivo, de 250 peças ao Museu de Arte Popular de Caruaru, dá uma idéia da dimensão do quanto realizou. Sua arte influenciou diversos outros artesãos da região e ainda hoje provoca o surgimento de novos artistas interessados em aprender sua forma de trabalhar.
A obra de Vitalino e de seus herdeiros é absolutamente particular. Afora a excepcional habilidade desses artistas de dar forma ao barro, é na irredutível concentração nas coisas, gente e gestos da terra que esse artesanato ganha sua principal característica.
Aqui não se trata apenas de reproduzir no barro o imaginário ou as expressões de influência urbana, regional, como fazem os excelentes artesãos que o Brasil possui, mas, em Vitalino, sua obra é a fotografia artesanal do dia-a-dia de sua gente.
A cultura popular está toda expressa ali, como um documentário de batizados, casamentos, procissões, retirantes, cangaceiros, bumba-meu-boi, e mais de uma centena de temas que povoam seu universo e de seus filhos. Outro aspecto peculiar é a fidelidade histórica do seu povo e seus costumes. Tudo isso feito com uma ingenuidade ímpar. Própria de quem do barro faz vida com um sopro. De pífanos, é clarro.
































Cleber Papa/Fotos Evelyn Ruman
Informações arteemter@gmail.com

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